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Reestruturação de dívida (Tiago Reis)

 

Em decorrência de uma administração mal planejada ou por conta de mudanças econômicas e de consumo em determinado setor da economia, empresas podem acabar passando por grandes pressões de caixa para o pagamento de dívidas. Então, pode ser que seja necessário realizar um processo de reestruturação de dívida. O sucesso nessa operação depende de respostas rápidas aos problemas enfrentados por cada companhia deficiente de caixa. Nesse caso, talvez o maior desafio da reestruturação de dívida seja conseguir conciliar os diferentes interesses em jogo. Ou seja, aproximar os interesses dos credores e do devedor.

 

O que é a reestruturação de dívida?

 

A reestruturação de dívida é uma operação feita para melhorar a situação financeira do endividado e aumentar, assim, as chances de pagamento dos débitos em aberto com credores. Ou seja, de maneira geral, essa operação pretende alcançar o retorno da geração de caixa de uma empresa para que a atividade empresarial continue em andamento. Com isso, as chances de uma reversão do quadro deficitário de caixa da companhia são maiores, bem como aumenta também a probabilidade de os credores serem ressarcidos. Isso porque a geração de caixa livre para a empresa tende a voltar quando a reestruturação de dívida é feita. Ou seja, retorna também a capacidade de pagamento dos débitos em aberto com terceiros.

 

Como a reestruturação de dívida é feita?

 

O processo de reestruturação de dívida é dividido em alguns pilares, sendo que alguns deles são:

  • Varredura financeira: Para realizar uma varredura nas finanças da empresa deficitária, é preciso que a própria companhia reúna todos os débitos que possui em aberto com terceiros. Nesse sentido, é importante registrar de maneira completa e organizada algumas informações, como:
    • Quem são os credores.
    • Qual é a data de vencimento dos débitos em aberto; o Qual é o valor acumulado de cada débito;
    • Quais são os juros contratuais de cada dívida.

 

Por fim, tendo posse dessas informações, o plano para a reestruturação da dívida da empresa poderá ser feito com mais clareza, proatividade e visão estratégica da situação financeira da companhia.

 

  • Renegociação de débitos: No que se refere à renegociação de débitos, a companhia, provavelmente, precisará contar com a contratação de um escritório de consultoria especializada. Com isso, o objetivo nessa fase será renegociar com os stakeholders (instituições financeiras, fornecedores, prestadores de serviços e governo) as dívidas em aberto da empresa. Isso deve ocorrer de forma a reduzir, por exemplo, os juros incidentes sobre o saldo devedor dos débitos em aberto.

 

  • Alongamento do prazo médio de pagamento: Um outro pilar fundamental da reestruturação da dívida é conseguir alongar o cronograma ou alterar o sistema de amortização da dívida. Isso porque a empresa que passa por essa operação está com grande pressão sobre a geração de caixa no momento da reestruturação. Com um alongamento do prazo médio de pagamento da dívida, a empresa poderá “respirar”. Ou seja, terá mais folga e tranquilidade para continuar com sua atividade empresarial e para gerar mais fluxo de caixa livre para o pagamento da dívida de amortização futura.

 

 

  • Prioridade de pagamento: Ainda, outra questão fundamental da operação de reestruturação de dívida é analisar e definir quais são as dívidas mais importantes a serem pagas primeiro. Empresas que possuem mais caixa do que dívida. Nesse sentido, especialistas da área sugerem que os credores com maior saldo devedor devem ser pagos primeiro. Contudo, essa ordem de pagamento será definida de acordo com o perfil da dívida de cada companhia passando pela operação. É importante lembrar que, mesmo com a definição da ordem de pagamento, a empresa não pode abrir mão da manutenção do capital de giro. Nesse sentido, a empresa poderá fazer em vão toda a operação de reestruturação de dívida caso a falta capital de giro retorne em decorrência de pagamentos precipitados à credores.

 

  • Boa comunicação: Além disso, outra questão fundamental do processo de reestruturação de dívida é a manutenção de boa comunicação com os credores. Frequentemente, esse ponto é desprezável. Muitas vezes, as companhias acabam deixando essa etapa de lado. Entretanto, uma comunicação clara e eficiente com credores pode facilitar – e muito – a operação. Tal ação pode evitar, por exemplo, o início de cobranças judiciais. Por isso, aconselha-se manter contato constante com os stakeholders. Sempre de forma a informá-los sobre os processos e o andamento da operação de reestruturação de dívida da companhia.

 

 

Março/2020